10/05/2007

Daí galera, estamos aqui novamente, e ao contrário que o Misael (Buchudo) pensou, estamos fazendo Santa Catarina bem rapidão, por motivos de força maior é claro, pois se fosse pela nossa vontade ficaríamos por aqui por muuuuuito tempo. Esse motivo é o frio, e tá frio galera, cada vez mais, e não estamos preparados para ele, não trouxemos muitas roupas de frio porque elas pesam e ocupam muito volume, combinação complicada para uma pedalada de bicicleta. Mas estamos aproveitando bem, não seja por isso.


Continuando então. Era sexta feira, a gente tinha conseguido ficar na brigada militar graças à boa vontade do Capitão Livramento, mas apenas por duas noites, o que seria até sábado e estávamos na biblioteca esperando uma resposta da assistente social sobre arranjar ou não uma estadia para nós.

Esperávamos a resposta postando no blog, no computador ao lado, havia um senhor muito simpático, Orlando seu nome, que puxou conversa, e conversa vai e conversa vem ele simpatizou conosco e com nossa causa. Ele disse que fazia Reiki e disse que faria para nós durante 21 dias voluntariamente, e que isso nos ajudaria, eu botei maior fé, já recebi um Reiki e foi muito especial mesmo, eu só não sabia que tinha como fazer a distancia. Depois de ter escrito no blog voltamos lá na secretaria e a resposta foi negativa, não havia lugar nenhum em que pudessem nos abrigar.

Saímos de lá meio desanimados e em dúvida se ficávamos mais tempo em Imbituba ou saíamos no sábado mesmo, resolvemos dar uma passada então na ONG, lá conhecemos a fundadora, gente boníssima que adorou nossa história, e ficou muito interessada em desenvolver um projeto com a gente, porém o problema era que a reunião deles era na segunda e a gente só tinha abrigo na polícia até sábado. Mas ela disse que ia tentar com a Sandra (integrante da ONG) cujo marido era diretor de um clube de futebol na cidade, lá poderíamos dormir, tomar banho e ficar bem a vontade. Ficamos de ligar para a Sandra no sábado lá pelo meio dia.

Bem, na sexta não fizemos mais nada, no sábado acordamos cedo arrumamos nossas coisas e tocamos para a praia, para esperar dar meio dia. A praia em Imbituba é maravilhosa, tem umas ilhas na frente, água transparente, uma loucura. Quando deu o horário, ligamos para ela e não tinha como, o clube de futebol tinha alarme e não teria como a gente ficar lá. Mas que não era para se preocupar que eles ainda iam ver um lugar para a gente.

Sem problemas, a gente já tinha sacado um lugar legal de ficar, na beira da praia, debaixo de uma árvore que nos fornecia lenha e sombra, perto de um chuveiro público e uma torneira, perfeito! E ficamos lá sábado e domingo curtindo uma praia, comendo mariscos e esperando a tal da reunião na segunda, ansiosos para entrar em ação.

De domingo para segunda entrou uma frente fria com um vento nervoso, o Clé teve que sair no meio da noite para amarrar a barraca para que ela não saísse voando conosco dentro, choveu, molhou nossas coisas, mó empenho. Na segunda feira depois do almoço desarmamos acampamento e fomos na ONG deixar as bicicletas enquanto íamos no centro fazer pesquisa de preço para trocar os aros, além de constatar que nosso cartucho de memória (marca: Sony; modelo: Memory Stick Pro Duo MagicGate) realmente está com defeito. Quando chegamos lá (na ONG) qual não é nossa surpresa de saber que não ia mais ter reunião, ou melhor, as pessoas que poderiam discutir como nosso projeto iria se encaixar na história deles não estariam presentes, e que também eles não tinham arranjado lugar nenhum para nós.

Foi foda, perdão o termo chulo mas foi mesmo, a gente tinha ficado final de semana inteiro esperando por isso e depois é tudo cancelado, assim, de repente, ficamos bem decepcionados, o pior de tudo é que estava frio, chovendo e previsto para noite rajadas de vento de até 80Km por hora, ou seja, impossível voltar para o pico onde estávamos acampados. Ficamos na roubada, ou quase, depois de dar muita volta na cidade para encontrar outro lugar para acampar achamos um campo de bocha!!! Vocês acreditam?? Acampamos num campo de bocha, graças à hospitalidade do dono do campo de bocha 3 de Outubro de Imbituba, Seu Orestes, montamos barraca, fizemos comida e dormimos abrigados da chuva e do vento,... num campo de bocha :P.


No outro dia acordamos cedinho, a chuva persistia, fininha e gelada, fomos até o supermercado fazer umas comprinhas e esperar a chuva amainar, pedalamos até o posto, para encher os pneus, e tocamos para Garopaba, novamente a duplicação semi-terminada da BR 101 nos ajudou ter uma pedalada tranqüila, mas muito molhada. Pouco antes de chegar em Garopaba a chuva parou e começou a ventar forte, daí é que começamos a sentir muito frio.

Paramos num restaurante e fomos presenteados com uma refeição deliciosa, inclusive se vocês passarem por Garopaba vale a pena dar uma conferida, um buffet delicioso com camarão, peixe, vários tipos de carnes, arroz integral, massas, lasanhas, tudo de bom mesmo, é o restaurante Vilson, na entrada de Garopaba. Por falar nisso, valeu mesmo Seu Vilson e seu filho o Wagner que saiu na foto com a gente.


Mas novamente estávamos, apesar de bucho cheio, com muito (muito mesmo) frio, molhados e sem lugar para ficar. Daí começou novamente a velha luta, brigada militar, prefeitura e um manda para o outro e quando falei com a 3ª pessoa desisti, quer saber? Que se dane! Bal. Pinhal onde a prefeitura nos recebeu com o maior interesse e hospitalidade foi uma feliz exceção, em Imbituba onde o Capitão nos recebeu acredito que também foi outra. Acaba ficando mais fácil batalhar um lugar para ficar por nós mesmos.

Por falar nisso Lu Patinadora! Se você tiver os contatos do MST no litoral por favor nos mande, vai ser muito gratificante trabalhar com eles, pois sabemos de antemão que são pessoas REALMENTE interessadas. E também, quem mais da galera que tiver contato ao longo da costa, e que sabe que vai receber a gente (não esqueçam da Lara) de braços abertos e que sejam interessados também no que o projeto PedalEco Brasil quer desenvolver. Por Favor nos mandem também esses contatos, estamos mudando de estratégia.

Voltando à Garopaba. Depois de desistir de conseguir um contato com a prefeitura, ou ONG, etc... Resolvemos dar uma volta pela cidade, e quando chegamos na praia e olhamos à nossa volta nos tocamos de como o lugar é maravilhoso. O centro histórico mesmo de Garopaba é um encanto, linda, a prainha, uma graça, uma baía de pescadores com aquelas casinhas à volta, super linda mesmo, que lugar, decidimos que íamos ficar lá de qualquer forma.

Pedalamos até o final da praia e uns pescadores nos indicaram um camping público, numa tal de estrada do Siriú, antes da ponte, tocamos para lá. No caminho, fomos nos adentrando numas montanhas, num misto de praia, dunas e floresta, tão lindo, tão lindo que o frio deixou de nos ocupar a mente e só tínhamos olhos para a beleza na nossa volta. Passamos por umas dunas altíssimas, lindas, brancas, amareladas com umas faixas pretas e altas montanhas com uma Floresta Atlântica riquíssima e preservada, mais adiante vimos uma placa, estávamos no meio do Parque Nacional da Serra do Tabuleiro, coisa mais louca, lindo.



E realmente, antes de chegar na ponte do rio Siriú vimos o camping, reparamos também em uma barraca que parecia mais uma casa, sacamos na hora, algum maluco deve morar aí. Dito e feito, minutos depois conhecemos Nardo (Leonardo) um pescador (profissional, não amador!! ) que morava ali sozinho havia 7 anos. Ele arranjou lugar para a gente tomar um banho quentinho e nos recebeu em casa com uma janta deliciosa.


Teve um momento, um pouco antes de ganhar o tal banho quentinho que aconteceu uma coisa comigo muito linda, eu estava com muito frio, com os pés molhados, o vento batia gelado e durante o dia todo não havia visto o Sol. Quando olhei para o horizonte através das montanhas vislumbrei um pedacinho de céu limpo e rosa (era hora do crepúsculo), o vento vinha daquela direção e aquele pedacinho de céu rosa me deu até um nó na garganta de emoção, pensei que o tempo ia melhorar, e logo estaria limpa e seca, pensei também como coisinhas tão simples podem fazer a gente tão feliz.

Depois de limpos e alimentados dormimos muito bem, apesar de ter feito muito frio a noite toda. O outro dia amanheceu limpo, o vento frio da noite limpou o céu, mas a temperatura continuava baixa. Depois do café da manhã fui dar uma volta na praia, sabem, eu já usei a palavra MARAVILHOSO nesse post? Será que existe palavra para o lugar em que estava? Sei lá... Saindo da matinha onde estava o camping, a trilha para praia dava numas dunas, não tão altas como as que tínhamos visto no dia anterior, mas extensas e planas. O contraste era incrível, sair de uma floresta de árvoretas, que crescem na areia e de repente dar de cara com uma baita de uma duna a surpresa foi demais de agradável.


Depois das dunas, a praia, que dizer? Águas verdes escuras, o sol que a pouco tinha nascido ainda refletia bastante no mar, ondas enormes, lisinhas, daquelas de filme de surf, o horizonte à frente ponteado de pequenas ilhas rochosas, umas não tão pequenas. À esquerda (norte) um visual de raríssima beleza, montanhas altíssimas, cobertas de florestas bem preservadas, o mar, lambendo as pedras ao pé dos morros, ao fundo, mais montanhas, escuras, nuns tons de cinzas cada vez mais claro, mais difuso. O céu? Daqueles típicos céus de inverno, azul gelado. O vento? Cortante. Sei lá, posso estar sendo poética demais, mas aquele lugar mexeu comigo, lindo demais, praia do Siriú minha gente, vale a pena mesmo.

Andei até o final da praia, acompanhada da Lara e do Guri (cachorro do Nardo), o Clé ficou na vez de cuidar da barraca. Conheci um rapaz de Santos que havia se mudado para lá haviam dois dias, gente boa, trocamos umas idéias, ele também faz planos de viajar um dia. Andei ainda pelas pedras, aquelas que de longe vi o mar “lambendo”, e lá sentei por muito tempo, admirando, sem palavras.



Voltei para o camping, almoçamos e daí foi a vez do Clé passear e eu cuidar da barraca, sua impressão da praia “Lugar de rara beleza! Propício para admirar e refletir....”. Ele voltou, nós jantamos e dormimos, essa noite fez bem menos frio.

No outro dia (quinta) acordamos cedo, tomamos café da manhã e levantamos acampamento. Decidimos ir para a Guarda do Embaú / Pinheira pela estrada de chão, de antemão fomos avisados que enfrentaríamos uma baita de uma subida. E realmente, foi uma subida penosa, longa, mas muito compensadora, quando chegamos lá em cima o visual da Serra do Tabuleiro era tão impressionante que paramos uns minutos só para admirar, incrível. Não sei se é porque fomos criados muito perto da Serra do Mar, mas o visual da serra e do mar é algo que não cansa de nos impressionar. Do alto pudemos enxergar nosso destino, a Guarda do Embaú.


Como já existe o ditado: “Tudo que sobe tem que descer”. O resto da pedalada foi só deleite. Ao chegar na BR novamente fomos presenteados com a tal da duplicação e antes do meio dia estávamos na Pinheira. O objetivo era conseguir um camping muito barato para poder deixar as coisas à vontade e poder andar pelo Vale da Utopia, até a Guarda do Embaú. Eu já conhecia o lugar e sabia de um camping onde poderíamos negociar um precinho camarada, mas para nosso azar (ou sorte??) não havia ninguém para nos atender. Nos informaram que Seu Vicente (um dos donos) chegaria ao meio dia, eram onze horas e resolvemos esperar.

O relógio recém tinha dado meio dia e Seu Vicente não havia aparecido ainda, eu estava preocupada com um leite (de vaca de verdade) que havíamos comprado e já estava batendo numa casa da vizinha para pedir que guardasse para gente na geladeira enquanto esperávamos, mas não deu nem tempo da mulher me responder, eu olhei para trás e quase não acredito em quem vejo, a Fer, uma amiga minha super querida de Curitiba que está morando aqui. Como conheço a Fer e saberia que ela não ia se importar, na lata perguntei se podíamos ficar na casa dela, “Bora aí” – respondeu na hora.

E fomos, mas fomos por um caminho que eu já conhecia, daí eu pensei, “não pode ser”... e na hora que ela disse “é aqui”, eu me corrigi, “mas não é que é”??? Ela esta morando num pico super legal que havia conhecido à um ano atrás quando passei uma semana na Pinheira. É um restaurante muito jóia, chama Ponto Íntegro, que trabalha só com alimentos integrais e naturais, o Dico (marido da Fer) faz pães, pizzas, lasanhas deliciosas, entrega em casa e também tem este restaurantezinho, lindo!

Já trocamos altas idéias, eles estão com um sitiozinho e um projeto de montar uma coisa legal por lá, ficaram interessados em saber mais sobre o que a gente tem para passar, também se interessaram pelos materiais das abelhinhas e ficaram afim de montar um blog do restaurante deles.

É incrível como a sincronicidade é perfeita. Se Seu Vicente tivesse chegado antes, se a mulher dele não tivesse saído, se eles resolvessem voltar para casa por outro caminho, nada disso tudo teria acontecido. Mas não, estamos aqui, na casa de amigos, amanhã vamos fazer e aprender muitas coisas juntos, tínhamos pensado em passar apenas duas noites aqui, capaz de ficarmos mais um tempo, para compartilhar tanta coisa que temos em comum. Mais uma vez tudo de repente muda de aspecto.

“Um pedacinho de céu rosa no meio de uma nuvem gigantesca de tempestade basta.”













6 comentários:

Anônimo disse...

oi..... bom que muita coisa tem dado certo: Creia, no dia 10/05 é o dia que muitas Deboras estam orando por vcs( o nome de vcs. esta postado no dia 10, deste mês). DEUS te cuidao de vcs.
Cuide-se!!! A carta do Sam. carta chegou hj.O exame dele teve poucas auterações, ele deverá continuar tomando seus remédios.
saudades....
Mada.

Anônimo disse...

Olá Deborah e Clé,

Parece que o lugar é lindo mesmo ! Vou conhecer algum dia mais quente.

E ai trocaram as rodas da bike ? Ficou melhor ?

Quando estiverem mais perto, vamos encontrar voçes . Que tal fazermos um churrasco daqueles..

O FRIO chegou... Agora vão comecar a passar as frentes frias pelos estados do sul. Ainda bem que estão indo para o norte, aonde as temperaturas são mais amenas.

As dificuldades nos ajudam a nos tornarmos mais resistentes aos embates da vida. Sem elas ficamos fracos e vulneráveis.

Um abraço, do pai.

Anônimo disse...

Dé,
Tenho te olhado aqui sempre.
A Fer que você diz é a Fer da montanha? Da última vez que tive notícia ela estava indo trabalhar num restaurante por essas bandas...
Será que é?
Se for, fala pra ela que essa mulher é a anja dos aventureiros... a sintonia dela é realmente cósmica!!...
E que é muito bom saber que vocês estão aí, se desfrutando!!
Quem sabe uma hora dessas a gente se encontra...
Beijos bem grandes pra você, pra Fer, pro Clé e pra Lara.
Glaucia (da base Curita)

Anônimo disse...

Cleverson e Deborah,
Nos tb estamos pedalando com vcs.
Que o vento sul leve vcs para seus sonhos.
Não se esqueçam de nós.
Amamos vcs.
OM SAI RAM

Anônimo disse...

Que pena que estão passando rápido, mas o frio é de rachar mesmo! E que bacana terem encontrado a barra do Siriú... Lugar lindo, só não tinha me ligado que fazia parte da Serra do Tabuleiro. Tomamos um banho na barra que foi indescritível. Contemplamos também a vista do alto da estrada de terra, mas foi indo e não voltando, fruto de mais uma peripércia do Buchudão, que ao deparar com um engarrafamento para Garopaba, avistou uma estradinha de terra e se enfiou... A Marcela perguntava "Mas vc sabe pra onde está indo?", Eu respondia, incerto, "xá comigo"... Acaso ou destino? Benção? Chamem do que quiser, fato é que sempre tem alguém olhando por nós...

Ramones, acho que não vai dar pra eu chegar em Floripa nas próximas semanas. Começa no próximo fim de semana o circuito de aniversários das nossas crianças. Marlinhos (19/05), Helena (26/05) e Melissa (02/06).

Eu contava que vocês demorariam quase um mês para chegar lá. Mas eu tenho uma semana de férias em Junho/Julho e, dependendo de onde estiverem, a gente se encontra.

Em Floripa, tem a Thais e o Zé, os meus cunhados. Se precisarem de algo, avisem, que podemos providenciar via eles...

Grande abraço! Sucesso!! Viva la Vita!!

Buchudo.

Anônimo disse...

Amigos, fico feliz em saber que apesar das imensas dificuldades vocês estão bem, atravessando estes caminhos e trilhas com olhar sempre no horizonte. A sincronicidade é fruto dessa força interior de vocês, que possibilita a ajuda dos vários amigos e protetores espirituais que estão sempre junto de vocês. Rezem, peçam, orem, conversem... sempre estarão sendo ouvidos!
"Orai e vigiai" é uma frase curta, mas é uma máxima, levem sempre consigo.
Grande abraço,

Victor Augustus