23/03/2007

Bom pessoal, o blog irá mudar de narrador por um tempo e o Cleverson assume. :)
Após um longo período longe do computador, estamos de volta! Nossa decisão de partir para o Chuí foi tomada de sobressalto, pois decidimos antecipar para segunda-feira (12/03) nossa partida, ao invés da terça, já que o vento estava nordeste e isso nos ajudaria.

Partimos no final da tarde, pedalamos por 2 horas com um magnífico pôr do Sol nos acompanhando. Ao longo do início de pedalada pela maior praia do mundo, surgem muitas coisas pelo caminho, até navio encalhado na areia e carcaça de baleia .... Pedalamos em torno de 30 km, acampamos na praia e o vento constante tornou nossa refeição um pouco complicada, já que o álcool era consumido mais rapidamente, com isso tivemos que improvisar. Tentamos proteger o fogo com o isolante, porém com pouca eficiência, mas no final o rango saiu.... um pouco salgado demais, pois fizemos a comida com a água do mar para economizar água potável.

Parada para uma maçã no Cassino, ao entardecer

Na manhã seguinte, seguimos rumo ao farol do Albardão que ficava em torno de 100 km de onde estávamos. Nesse meio caminho entramos na área da Reserva do Taim, região natural de pântanos salgados. Vimos uma capivara a olhar o mar, quando nos aproximamos ela correu em direção à água, sumindo por entre as ondas. A praia é realmente imensa e às vezes parece que você pedala, pedala, pedala e não sai do lugar, tamanha a homogeneidade do visual. Porém, nos deparamos com plantações enormes de Pinus, tudo no entorno da Reserva.

A Lara neste dia nos acompanhou correndo e caminhando ao nosso lado. Não conseguimos chegar ao Albardão. Acampamos ao lado de outro farol, o Veiga. Na manhã seguinte, nossa reserva de água não estava legal para quem poderia ficar mais uma noite na praia, por isso tínhamos que conseguir água de alguma forma. Vimos uma base do IBAMA e fomos ver se alguém nos fornecia água, porém não havia ninguém. Umas centenas de metros adiante vimos dois caras e perguntamos onde poderíamos encontrar água pela frente. Para nossa surpresa, eles eram os funcionários do IBAMA e então voltamos e enchemos nossos garrafões. Ficamos felizes com a Lara, ela foi muito forte, fizemos um total de 80 km neste dia.






Parada para descanso


Tivemos uma noite tranquila e saímos as 06:30h. Continuamos a pedalada e quando chegamos ao Albardão, tentamos novamente conseguir água, mas como anteriormente, não havia ninguém, tive que pular a cerca e pegar água da torneira que vi na frente. Neste dia a Lara já não estava com o mesmo gás e decidimos que tínhamos que carregá-la para podermos aumentar nosso ritmo. Tentamos carregá-la amarrando a canga como uma sacola, como os indigenas fazem, mas não deu certo, rasgou a canga.... então, tivemos que remanejar nossa carga para poder colocar a Lara num dos alforges. Deu certo e íamos alternando a Lara correndo e ela no alforge. Numa das paradas de descanso, encontramos um senhor que ficou conversando conosco e nos disse a melhor notícia do dia: faltavam apenas 30km para chegar na Barra do Chuí! Pedalamos com mais entusiasmo e no final da tarde chegamos aos Molhes da Barra do Chuí. Nesse dia fizemos em torno de 150km. Com o vento a favor é claro....




Só a Lara mesmo.....


Na Barra fomos direto para a casa do Hamilton Coelho, o "Coelho". A Deborah já o conhecia quando foi no Fórum Binacional (Brasil/Uruguai) em 2006. Ficamos acampados ao lado do bar que há no quintal. O Coelho é nativo de Santa Vitória do Palmar (30km da Barra), mora na Barra a mais de 13 anos e já saiu em algumas matérias jornalísticas como "o último brasileiro", ele acha graça... sua casa é um antigo terreno da Marinha e ele faz o papel de "informante ecológico". Escultor, sua obra artística está direcionada para a reutilização dos materiais que encontra pela areia da praia, além da divulgação da matança indiscriminada dos mamíferos marinhos. As esculturas são feitas com madeira e/ou ossos de baleia. Sua casa é um pedaço de barco aqui, um pedaço de madeira que escora a estrutura ali, e assim vai ficando.... tudo meio no improviso. O Coelho tem uma companheira, a Malena. Professora atuante na APAE de Santa Vitória do Palmar.

No dia seguinte damos uma limpeza geral nas bicicletas, pois elas estavam com muita areia. Conversa vai, conversa vem, tomando chimarrão ao lado do fogão a lenha, juntos decidimos que iríamos começar uma pequena reforma numa parede de sua casa. Deixaríamos a estrutura de barco e entre as estruturas colocaríamos pedra, terra de cupim e diversas garrafas. A pedra dá a sustentação, a terra de cupim faz o papel do cimento e as garrafas irão iluminar o ambiente que até aquele momento era muito escuro.


Reforma da parede na casa do Koelho


No sextafomos à cidade que faz divisa com o Uruguai, o Chuí/Chuy. A cidade gira em torno da avenida principal que possui um canteiro central, que divide os dois países. De um lado do canteiro é Brasil, do outro Uruguai, muito louco! De um lado (Uruguai) você encontra a famosa (e delíciosa!!) cerveja Patricia e o alucinante Alfajor Negro (uma bolacha de chocolate recheada com doce de leite!!) no outro não encontra, pois tem os impostos de importação. Tivemos a infeliz notícia de que o posto da Caixa Economica Federal fechou e sem banco Itaú ficamos apenas na vontade de tomar uma Patricia. Nos permitimos gastar com uma caixa de Alfajor Negro e comer um rango num restaurante. Gasto que na seqüência decidimos não repetir.

Na segunda voltamos ao Chuy para tentar novamente sacvar dinheiro (não deu) evisitar o Forte São Miguel, porém chegando lá, vimos que estava "cerrado" (fechado), encontramos 3 mulheres e elas nos informam que há outra entrada 2 km adiante. Fomos até lá, chegamos numa construção enorme e que mais parecia um hotel. Entramos e somos atendidos por uma simpática moça que nos recebe e pede para escolhermos a mesa, ficamos meio confusos e ela nos diz que ali é um restaurante e não o Forte. Damos meia volta, decepcionados e rumamos para a Barra.


Koelho e nós


Terça (dia 20/03) era o dia da partida da casa do Coelho, pusemos a Lara para nos acompanhar e ela foi conosco até um pedaço do caminho, depois começou a caminhar com dificuldade, verificamos que sua pata estava com bolhas e decidimos que iríamos carregá-la o resto do caminho. Paramos na casa da Malena em Santa Vitória para almoçar, pois ela havia nos convidado. Somos recebidos pela sua mãe e irmã, já que ela ainda estava trabalhando. Assim que Malena chega, almoçamos e ajudamos a criar o blog do Hamilton Coelho. O blog servirá como mostruário de suas obras, além da divulgação do seu trabalho tão bonito e especial. Para os interessados, o endereço do blog é: http://www.hamiltoncoelho.blogspot.com/ O blog foi recém criado, mas acredito que logo haverá belas imagens para se admirar.

Voltamos à estrada as 16:00h, tínhamos visto pela internet que haveriam ventos soprando de leste e na quarta (dia 21/03) eles estariam de sudeste, o que nos ajudaria a voltar para o Cassino. Porém, não foi o que aconteceu e pegamos vento contra o restante do dia. Pedalamos até um ponto que consideramos bom para acampar e fizemos o ritual tradicional: rango e descanso. Neste primeiro dia pedalamos mais de 60km.


Amanhecer na Pampa gaúcha, Estrada do Taim


O segundo dia começa com um lindo nascer do sol. No início da pedalada temos um caminho sem vento, porém com o decorrer do dia ele aparece e começa a fazer a diferença, o cansaço aparece mais rapidamente, além da situação pouco confortável da Lara no alforge. Com isso, somos obrigados a fazer várias paradas, tanto para nosso descanso quanto para o da Lara (o carrinho dela faz uma falta....). Neste dia resolvemos parar um pouco antes do planejado, pois estávamos cansados. Novamente acampamos num bom lugar, fizemos uma fogueirinha e preparamos uma deliciosa macarronada ao molho de sardinha!! Depois é claro, um alfajor.... hummmm!!! Quilometros pedalados neste dia: 80km.

O sol aparece e partimos para o que pretendíamos que fosse o último dia percorrendo a Estrada do Taim. Já pela manhã temos um visual muito lindo e ainda não havíamos chegado na Reserva. Quando a alcançamos, vemos que a Reserva se resume ao nosso lado direito, com a presença dos alagadiços e sua vegetação natural, por outro lado, do nosso lado esquerdo, há criação de gado de corte, até o perder de vista.... situação estranha! Ao longo do percurso, vemos muitos animais (ou pedaços deles!) mortos por atropelamento: tatus, capivaras, graxaim, várias espécies de pássaros. Do lado da Reserva, vemos ao fundo as enormes plantações de Pinus. Na verdade, a Reserva está embutida entre os Pinus e o gado. No entorno também há plantação de arroz em grande escala. Mas a Reserva é louca de linda!! O Sol refletindonas lagoas, pântanos salgados, uma vegetação imensa e rica a perder de vista!!! Um lugar que vale a pena conhecer!!! Tem até jacaré, mas infelizmente a gente não viu nenhum....

A situação do vento não se modifica se comparado ao dia anterior, vento nordeste nos pegando praticamente de frente e ainda faltavam mais de 80km para chegarmos ao Cassino. Fomos pedalando em um ritmo apropriado para a situação. Paramos para "almoçar" em um ponto de ônibus de um vilarejo e antes de começarmos a comer, um homem nos chama e nos dá de presente um pão caseiro e um pote de doce de batata-doce. Um presente dos céus!! Comemos nos deliciando! Depois da sesta básica, tocamos em frente. Tínhamos mais 50km pela frente. Ao longo e ao lado da estrada há vegetação frutífera nativa, como o butiá e o araçá. Esse foi o dia que mais comi araçá na vida.. seu açúcar foi de grande valia... já a Deborah não gosta muito de araçá.


Um visu do TAIM


O dia foi passando e o vento soprando constantemente contra nossa direção. Paramos para pedir informação dos quilometros que faltavam e nos dizem que faltavam uns 30km para o Cassino, isso eram em torno das 16:00h. Decidimos tocar em frente até chegarmos. E assim foi feito. Chegamos ao Cassino lá pelas 18:00h com vento contra até a entrada da cidade. Reencontramos a galera da casa onde estamos hospedados, fizemos nosso rango e capotamos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Estamos com muitas saudades!!! S A U D A D E S mesmo!
Quanta coisa que tem acontecido... e afinal conseguiram sacar o dinheiro ? Hj. estou fazendo um camarão no almoço.
Que bom que tem encontrado gente bacana nestas pedaladas.
Mil beijinhos p/ vcs.
Mada

Anônimo disse...

Olá piazada!

Com o Cleverson escrevendo ficou bem melhor. A Deborah parece que desaprendeu o bom português.

Legal a casa do Koelho, quem sabe um dia ajude voçes a fazer uma semelhante, a Madalena vai "adorar".

Agora vai começar a parte mais movimentada da viagem. Cuidado que o acostamento das estradas, as vezes os caminhões utilizam o mesmo como pista.

Por aqui tudo igual, talvez mude algum dia...

Abraços e Boa Viagem!

Pai dôces.

Anônimo disse...

Dae Animal!!!

Muito massa as fotos hein irmão!!!
E já tava na hora de vc começar a escrever tb né... :D
O que aconteceu com o carrinho da lara mano???
Bom... fiquem com Deus e um Abraços pra vcs 2!!!

Careca

Anônimo disse...

Guerreiros,

Fascinante! Espírito cada vez mais forte, mas não se esqueçam do corpo. Por favor, se alimentem bem!
Aí vai mais uma frase: "Quando um homem se preoucupa, agarra-se a qualquer coisa, em desespero; e quando se agarra está condenado a se esgotar ou a esgotar quem ou o que ele estiver se agarrando. Um guerreiro-caçador, por outro lado, sabe que vai atrair a caça para suas armadilhas muitas e muitas vezes, e portanto não se preocupa. Preocupar-se é tornar-se acessível, acessível sem saber." (Viagem a Ixtlan)
Abraço,

Victor Augustus

Anônimo disse...

e ai camaradas!por onde andam?? e alara como tem passado nesta andança ...figurinhas inesquecivéis muita suerte pro ocÊs e voltem sempre grande abraço malena e coelho